Apostar: ganhar ou perder - o jogo da vida.

A vida realmente é uma montanha russa que ao mesmo que tempo nos deixa aterrorizados, traz aquela sensação de alegria junto da adrenalina, nos lembrando que estamos vivos. Apesar de toda turbulência eu busco sempre encontrar um ponto de equilíbrio e paz. 

Às vezes sinto que minhas escolhas não vão me levar a lugar algum, e que a melhor delas ainda é sumir do mapa. Mas aí eu entro em contradição comigo mesma, quando ao invés de acuar, avanço e vou pra cima. Isso vale pra tudo (ou quase tudo).

É difícil pra mim dizer que estou no caminho certo, porque eu continuo batendo numa tecla que já nem funciona mais. Me desgastei durante anos e agora nada mais faz sentido, continuo me sentindo perdida. 

Hoje eu sinto mais medo de errar de novo do que de tentar qualquer coisa, me sinto presa num sentimento de impotência e inferioridade. Tenho medo de tentar uma escolha diferente e me iludir achando que tudo mudou.

Cara, eu me saboto demais! Esse texto é uma sabotagem. Eu paro pra analisar tudo que está acontecendo ao meu redor e a única coisa que busco é me esquivar de tudo e de todos, pra não perder a cabeça. Mas a vida é um jogo que precisa ser jogado.

A primeira vez que ouvi isso, que a vida é um jogo de sorte e só se sabe se vai ganhar se jogar, eu fiquei assustada. Como assim eu tenho que jogar um jogo e acreditar que vai dar certo se tiver sorte? É surreal. Mas desde então, mesmo sem saber direito o que isso significava, fiz várias apostas.

Infelizmente eu só perdi. Apostei tudo que eu tinha em coisas que não valiam mais nada. Entreguei toda a minha riqueza a pessoas que jogaram tudo fora. Eu não só apostei errado, como não vou conseguir tudo de volta.

Talvez você pense aí “ah, mas você pode ter perdido tudo pra conquistar outras riquezas”, realmente pode ser que perder não signifique perder, mas a dúvida machuca muito.

Isso gera uma insegurança absurda, me dá medo seguir uma direção nova e totalmente desconhecida sem saber o que me espera no final. A minha ansiedade não me deixa aproveitar o presente sem ser assombrada pela incerteza do futuro.

Eu disse esses dias que apesar disso tudo estou me permitindo, é como se a frase “se tiver medo, vai com medo mesmo” me movesse sem que eu consiga pará-la e isso tá sendo foda pra caralho.

Eu sou aquela pessoa que vive com os sentimentos a flor da pele, que intensifica tudo e qualquer coisa, que é inconsequente mesmo se precavendo.

Claro que o outro e o ambiente influencia muito, já que não tenho controle sob isso. Acho que a falta de controle é o que mais me desestabiliza. Sinto a pressão externa confrontando a interna, me deixando encurralada e sem saída. Me privando de ficar calma.

Aí já era, eu perco a cabeça. Fico ansiosa, angustiada, ajo sem pensar. Isso é horrível, porque mesmo tendo todas as peças não consigo terminar esse quebra-cabeças, e toda vez que inicio um jogo não vou até o fim.

Tenho vontade de gritar, mesmo não tendo voz pra isso. Quero correr, mesmo sem ter forças pra andar. Quero viver, mas a morte continua sendo mais atrativa. Talvez eu esteja me engando, talvez não. São tantas incertezas que não consigo me concentrar em nada.

As vezes acho que sou movida pela incerteza do amanhã, como não sei o que vai acontecer penso tanto nisso e acabo tendo ações contraditórias. Eu sou confusa, não tenho nada claro na minha vida e sinto que vai demorar muito ainda até tudo se encaixar.

Enquanto tudo é incerto eu tô me permitindo. Me permitindo perder, ganhar, sonhar, sentir, amar, viver. Tudo o que move o ser humano, tudo que há de mais bonito na humanidade eu quero ter e presenciar.

Mesmo estando no escuro, a esperança é a última que morre. E eu não quero mais perdê-la.

 

 Julia Ismara


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