Os Cárceres Mentais

Qual é o seu cárcere mental? Talvez você nunca tenha se perguntado isso e, assim como eu, nem saiba identifica-los de imediato. Então eu te proponho a refletir um pouco comigo.

Como você lida com a frustração? Você sempre teve tudo que quis? Você é uma presa ou o predador? enquanto você responde essas três perguntas aí, eu respondo por aqui...

Eu digo depende do contexto da frustração pra que eu saiba ou não lidar com elas, às vezes é fácil demais aceitar que algo deu errado ou foi exatamente como eu não queria que fosse e isso me deixa frustrada, mas logo passa. todavia, há vezes que não é nada fácil superar e isso fica remoendo todos os meus órgãos e instintos me deixando ansiosa.

Eu nunca tive tudo que queria, mas sempre tive algo. Eu me considero uma pessoa privilegiada, não só por ser branca em uma sociedade racista, mas porque as dificuldades hoje em dia são poucas. Quando eu era criança, lembro de uma vez que tivemos que sobreviver com dez reais na semana pra comprar tudo. A minha infância toda foi conturbada, sofri nas mãos de algumas pessoas que se aproveitaram da minha inocência, na escola não tinha amigos e sofri bullying até entrar no ensino médio. Enfim, hoje meu maior sofrimento não são por questões externas, mas sim internas, eu comigo mesma.

Quase todo momento eu sou presa e predador de mim mesma, sempre que posso me saboto e me ponho num lugar extremamente difícil de sair e isso vem me deixando cada vez mais cansada. É quase um vício viver desse jeito, como se nada fizesse sentido se fosse diferente.

Os cárceres mentais são piores que os físicos, ele demanda todo seu tempo e energia, te transforma numa pessoa inacessível e isso te leva a fazer coisas impensáveis contra tudo e todos.

Ficar presa dentro de mim me leva a ser alguém insensível e apática, não me importo como o outro vai se sentir desde que eu fique bem. Porém, quando a janela do egoísmo não é aberta e então a da culpa se estabelece, é quando começa a minha autodestruição.

Quando me sinto culpada, principalmente por coisas que não fiz, mesmo sabendo disso, me coloco num lugar inferior e me mutilo mentalmente. Fico me cobrando o tempo inteiro para ser alguém melhor, mais esforçada e mais ativa. Fico estressada, irritada e ansiosa, tudo isso vem como uma bomba e quando explode é quando não tenho mais força alguma.

A ansiedade é meu pior cárcere, porque ela me faz viver num mundo angustiante, onde só existe dor e inquietude, mais nada.

Quando estou sendo presa é quando me sinto incapaz de me libertar, e ao mesmo tempo luto contra o tempo pra me levantar e seguir em frente.

Quando estou sendo predador é quando me sinto mais sozinha, é quando tenho tudo e todos, e ao mesmo tempo nada. O vazio é tão grande que me asfixia.

Os cárceres mentais vão sempre existir, não é possível se libertar deles, mas é possível ser melhor que eles. Volto a dizer que fazer terapia é o melhor caminho para se libertar dessa prisão que chamamos psiquê.

Talvez um dia eu consiga me libertar e também libertar outras pessoas. Mas o primeiro passo quem deve dar sou eu por mim, e você por você. Não há uma fórmula pronta que num passe de mágica resolva tudo. Se a gente não consegue se desprender das amarras que criamos, não vai ser o outro que fará isso.

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