cartas para mim



"Me peguei pensando em tudo que já lhe falei, tantas frases repetidas que você as decorou como quem decora letra de música. E eu senti no peito um aperto de não estar vivendo tudo que já escrevi. Passando por amores falsos e rasos, sem intensidade, frios e vazios. Eu devia ter descido naquela estação, onde meus olhos não cruzasse com o de alguém. Naquela cidade onde o melhor lugar é dentro de mim, que o único som a se ouvir é o do meu coração, onde só entra quem tem amor por mim. Mas, tudo indica que esse lugar não existe porque me acomodei a viver na escuridão. Salvo a todos que se rebelam no meio do caos, pois temem ter certeza do que se quer. Eu digo que não tenho fé em nada, tampouco acredito que esse tormento será para sempre. As pessoas vivem ditando o que devo e não devo fazer, como se elas soubessem mais de mim do que eu. Porém eu vos digo, sou como uma maré viva que bate no peito e arde, que sopra e queima como fogo ao vento. Almejo liberdade e amor, contradizendo a obscuridade em que vivo. Talvez seja melhor dar outra chance à luz, recomeçar e não ter medo do novo. Talvez eu devesse parar de temer o bem. São tantos 'talvez', tanta incerteza e indecisão. Me coloco a mercê das dúvidas à procura de respostas. E quando eu me achar, nada vai ser como era antes e a partir daí outra vida ei de viver. E o meu dia mais feliz vai ser o mesmo que o seu."


Julia Ismara
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