"A Imensidão Nas Minhas Mãos"



Eu estava tão frustrada com a minha vida (isso inclui amigos, família e amores) que tudo parecia ser finito. As coisas não estavam bem e nada fazia sentido, nada se encaixava e eu só queria desistir. Desistir de ter uma profissão, de ser melhor no emprego, de ser amiga, de ter um amor, de ser alguém. Estava perdida. Desmotivada. Frustrada.
Os dias foram passando, aos poucos tentei retomar a rotina e parar de pensar merda. Morrer não é a melhor saída, mesmo que a morte seja reconfortante. Então continuei descendo a rua todos os dias, um dia após o outro.
Meu maior desejo sempre foi a felicidade (além de estabilidade emocional), porque a solidão já era minha melhor amiga há tanto tempo que queria férias dela. Mas, querer não é poder e eu não sabia que podia ser assim. Contradizendo esse ditado idiota, a gente pode ter tudo aquilo que quer. Da mesma forma que podemos ser quem somos.
O medo, a ansiedade, a rejeição, o desafeto, tudo isso vem com um preço; não adianta ter tudo o que quer e ser incompleto e vazio.
O amor, por exemplo, é como uma música que faz a gente prestar atenção na letra e esquecer a melodia. Porque a melodia é um complemento, mas é na desordem da mente do compositor que a gente se apaixona, que a gente presta atenção e canta, saboreando cada verso. Uma música pode dizer muita coisa e pode dizer nada, tem que ser ouvida através da sua complexidade e apreciar toda a composição.
Fazemos arranjos com letras vagabundas e flores que encontramos no chão, damos vazão à amores de esquinas e jogamos fora toda a poesia que deixamos rabiscadas em guardanapos em um bar qualquer. Pisamos em cima de pedras e corações partidos, somos espinhos ao invés de cicatriz. Desenhamos no céu um mapa entre as estrelas que nos guia pela escuridão, para chegarmos no imenso vazio do nosso Universo.
E eu, assim como você, pensava ter a imensidão nas minhas mãos até perceber que tudo que tenho é um imenso mundo cheio de nada.

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