Fuga
Quando eu pensei que poderia sobreviver nesse mar apenas em cima de uma jangada, sem saber remar, sem saber nadar, não cogitei a possibilidade de um naufrágio. As cordas estavam tão firmes, era do tamanho certo e nada aparentava dar errado.
Mas numa noite fria o mar estava agitado e ondas vinham sobre mim tentando me derrubar. Não havia onde me segurar. Junto a água salgada veio a chuva e não tinha como me salvar.
Quando menos esperei a jangada virou, o mar me engoliu tão rapidamente que era inútil tentar voltar à superfície.
Um silêncio se fez. Não dava mais para ouvir a chuva, nem meus pensamentos. Meu coração batia devagar e eu não estava mais com medo.
O mar me engoliu, mas não para me matar.
A água que invadia todo meu ser preencheu todo o vazio, e então a paz se fez.
Julia Ismara
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