Incertezas


Aos poucos eu fui partindo para dar a mim todo esse amor que você não deu valor. Como eu queria acordar todos os dias ao teu lado, poder te olhar nos olhos e te beijar a boca dando bom dia. Te ver através do espelho e enxergar que apesar de toda beleza exterior, tua alma é fria e cheia de rancor. Como eu poderia viver um amor, se você desmancha todos os nós que nos prende? Sua confiança já não me pertence, tua rotina nunca me coube, mas eu continuei aqui. Cometi erros, eu sei! Mas só os meus erros são vistos e os seus sempre anulados, isso por que você sente menos? Porque eu sinto muito. Sinto muito por não ter pensado em você naquela noite, por não ter te explicado o que havia acontecido, por não ter sido sincera. Mas eu sinto muito por mim, por ter permanecido e insistido sabendo que você nunca precisou de mim. Eu me sinto pequena, não consigo sentir o ar atravessando minhas narinas até o pulmão, não sinto o chão sob meus pés nem mais aqueles fios que nos conectava. Eu perdi todo o controle da minha vida, tentando me encaixar na sua. Eu não sei mais como andar sem pensar que posso estar pisando errado. Não consigo mais sentir a música me tocar, porque tenho medo que isso vá te irritar e me culpar por estar dançando sozinha ao invés de te acompanhar. Eu acendo um cigarro todos os dias, mas quando chego no terceiro lembro da tua voz ecoando me mandando parar e segundos depois me pedindo um pra fumar. Talvez um dia nosso laço se enrijeça, ou se desmanche de uma vez. Enquanto tudo for uma incerteza, não cabe a nós permanecermos. 

Julia Ismara
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