Mudar é o que eu quero...
Estava navegando pelas redes quando me dei conta de que a Julia de 15 anos não existe mais. Eu sei que todo mundo muda enquanto cresce, mas a minha mudança foi tão drástica e radical que eu acabei me perdendo ao invés de me encontrar. Quando me disseram que tudo muda depois dos quinze, eu não fazia ideia que essa mudança seria tão gigantesca.
Há sete anos atrás eu queria cursar psicologia na faculdade, queria lançar um livro e encontrar o amor da minha vida.
Quem me conhece sabe que o início da minha adolescência foi um tanto aterrorizante e traumática. Tinha um garoto na minha sala, na quinta série, que fazia todas as meninas quererem brigar comigo. Ele inventava histórias, dizia que eu queria ficar com o namorado da fulana, ou que eu falava mal de ciclana e que o melhor a se fazer era "me pegar na saída" (nesse dia a garota me esperou mesmo, me deu um empurrão, mas eu saí correndo em defesa). Essas garotas pegaram um ódio por mim que desde então eu nunca soube me relacionar com o sexo feminino, sempre que eu conseguia fazer amizade era com o sexo oposto (péssima escolha, mas era a única possível).
Eu sofri muito na mão de pessoas que se diziam meus amigos, as meninas da quinta série só pararam de implicar comigo no final do sétimo ano quando eu pedi ajuda. Na minha sala tinha duas irmãs gêmeas que a escola inteira tinha medo delas, até os garotos. Teve um dia que elas viram o que as meninas estavam fazendo comigo e me perguntaram o que estava acontecendo. Quando contei a história as duas foram lá falar com o grupinho, disseram que se fosse pra me bater teriam que bater nelas primeiro. A parti daí a própria menina que queria me bater veio perguntar se o boato que contaram pra ela era real, e óbvio que não era. Depois de nos entendermos conseguimos ser amigas.
É incrível como as coisas acontecem, e em meio a tanta coisa ruim eu consegui ver e encontrar o bem. E isso permanece até hoje.
Quando fui pro ensino médio as coisas foram de mal a pior. Eu tinha uma amiga que eu odiava do fundo do meu coração. Eu não gostava dessa menina, porque no ano anterior ela foi pra minha escola e a minha "melhor amiga" também era "melhor amiga" dela. Esse ano foi pior que a quinta série inteira, eu simplesmente fui deixada de lado pela minha amiga por causa dela. Fui traída na caruda mesmo. Aí pra minha sorte, no primeiro ano do médio essa menina estava na mesma sala e eu não tinha ninguém, além dela, pra conversar. Mas por que as coisas foram de mal a pior? Bom, eu era (às vezes ainda sou) muito influenciada naquela época então tudo o que essa "amiga" fazia eu ia junto, muitas vezes pra me sentir pertencente e às vezes porque queria mesmo. A primeira vez que fumei maconha foi na escola e com ela, a primeira vez que pulei o muro da escola pra cabular aula foi com ela, meu primeiro namorado bosta conheci através dela. É, ela não era boa pra mim, mas foi uma ponte imprescindível para novas descobertas. E mais uma vez em meio a tanta coisa ruim eu consegui ver e encontrar o bem. Essa menina me apresentou a uma pessoa que eu tenho ao meu lado até hoje e eu sou muito grata por isso e por essa amizade, já outros foram de passagem mas que me ensinaram muita coisa (inclusive como se manter emo depois dos 18).
Tantas coisas aconteceram e eu nem vou contar tudo (talvez, outro dia, eu faça um post contando minha vida acadêmica). E o propósito disso tudo é mostrar pra mim mesma que eu já passei por tanta coisa ruim sem perder a fé e a esperança, sem deixar de sonhar e de querer.
A vida é essa montanha russa que só vai pra cima e às vezes você precisa levantar os braços sem ter medo de cair.
2018 foi um ano e tanto, cheio de amor, ódio, ansiedade, crises e crises e muito choro. Foi um ano conturbado, desesperançoso, sem muita motivação, acho que foi o pior ano de todos.
Até três anos atrás eu ainda era essa menina sonhadora, cheia de energia, pronta pra arriscar e conhecer o desconhecido...
Eu não sei onde me perdi.
Mas nunca é tarde pra mudar e ser quem você quer ser. E eu quero ser muitas coisas, quero ser a melhor versão de mim, quero ser sonhadora, quero ser quem eu sou sem ter medo de ser julgada, quero ser amada e quero ser feliz. Eu nunca imaginei que o início da minha vida adulta seria pior que o da adolescência haha e eu não sabia que esse labirinto não haveria saída...
Apesar de todos os pesares estou disposta a reencontrar com esse meu eu sonhador de seis anos atrás e tirá-lo da escuridão.
Uma ressalva antes de finalizar: no começo do post eu disse que queria estar cursando psicologia na faculdade, pois bem, estou no quarto semestre e muito feliz e realizada com isso (apesar das dificuldades) e sobre o livro ainda há muito tempo para escrever e publicar, mas ele vai nascer e vocês verão.
Sei que o texto todo eu disse que estou perdida, mas aqui é mais um ciclo que se encerra para uma nova aventura começar.
Julia Ismara

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