Um conto não tão romântico assim

Tudo começou quando ela decidiu terminar com sua namorada e mudar sua vida. Após um ano e meio amando somente uma pessoa, cansou da mesmice que a rotina lhe havia proporcionado. Era de casa pra escola, da escola para a casa da namorada, e no final do dia retornava à sua casa. Sua família nunca aceitou o fato de haver uma mulher do outro lado da linha, nunca aceitou que ela viesse em sua casa durante o dia, muito menos que as duas se vissem. Era tanta pressão que ela não aguentou e cedeu. Deu um basta em tudo.
Sentindo-se aliviada, conseguiu um emprego. Apesar de toda essa mudança, sua vida caiu na rotina outra vez. Mas em junho ela conheceu um cara, que na verdade era só um garoto, mas que pra ela era quase uma paixão eterna. Eles se encontravam todos os dias, iam ao parque, riam e se gostavam. Entre um beijo e outro ela sonhava em ter aquilo todos os dias e todas as noites, ela sonhava em ter algo sério com ele. Mas apenas ela queria algo, para ele não passou de "uns pegas". Quase dois meses depois eles se afastaram. Ela queria se encontrar e esquecer o que ele fez (e não fez). Culpou-o por não ter sido sincero, quando ela mesma não foi sincera consigo. Depois de alguns meses conheceu outro cara, dessa vez na expectativa que ele tornaria as coisas mais simples e faria tudo durar um tempo significativo. No começo ela o usou para esquecer o outro e acabou se encantando novamente. O que não se esperava era que esse cara ainda amava a ex e estava lhe usando para tentar esquecê-la. Após duas semanas de namoro, os dois decidem terminar. Não é justo com ambas as partes permanecerem juntos cientes de que não se gostam tanto assim à ponto de superarem amores passados.
Cansada de tentar, sentou-se no sofá e não fez nada. Olhou para o teto à fim de que sua ansiedade cessasse e que tudo voltasse ao normal. Mas o que é normal para alguém que procura o irreal? Não sabia mais o que fazer, sua vida sempre foi vivida à base de sentimentalismo e ela é uma pessoa tão instável que ninguém consegue lidar (nem mesmo ela). E foi ali, sentada no sofá, que as coisas mudaram.
Ela sempre quis um amor que durasse a vida inteira, como acontece em filmes e livros. Mas a vida não é como um filme ou livro, ela é como deve ser e só você pode fazer algo para mudar. Foi aí que ele apareceu. Ele foi o único que ela queria perto, que fez de tudo para estar presente no dia-a-dia. Mesmo com as controversas, insistir não parecia assustador, tampouco intimidador. Ele habitava sua órbita, ela sabia exatamente o que fazer, não existia confusão, não existia indecisão; pelo menos para ela.
Nos desencontros que a vida nos proporciona, ambos não se encontram mais. Há tantos caminhos, mas não há um para ser seguido. Ela não sente que depende dele para viver, mas imagina todo dia antes de dormir como seria se ele estivesse presente ali mesmo que distante. Talvez ela tivesse o amado, talvez ele tivesse a amado, mas talvez ambos jamais soubessem como teria sido. O amor nos faz querer estar perto, mas nos mantém longe.
Ela desistiu de amar. Cansou-se de conhecer pessoas de índole fraca e mente vazia, ou que não contenha o conteúdo que aquele último amor lhe oferecia.
 Na sua percepção ela ainda está ligada a ele - e talvez esteja mesmo -, mas ela sabe, mais do que nunca, o que realmente quer e procura. Isso não envolve ter alguém ao seu lado. Mas as coisas mudam e a gente não se prende ao passado. Ela desistiu de todos esses amores líquidos que duraram alguns meses, mas não desistiu nunca de ter alguém para amar e ser amada. Até que dois anos após todas essas desavenças e desilusões amorosas ela se apaixonou de novo.
Ele não é o cara perfeito, tampouco o ideal, pois suas ideias são completamente diferentes. Ninguém entende por que ela escolheu ele, e lá no fundo nem ela sabe responder à isso. Mas os dois se complementam nos detalhes mínimos e são felizes, apesar de todas as brigas e separações, ela ainda acredita que será para sempre.
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