Como Amarrar Seus Sapatos
Eu me lembro do primeiro livro que li na minha vida. Era um livro ilustrado, que ganhei antes de completar cinco anos de idade. Era quadrado, com uma capa grande e um tênis desenhado na frente. Um cadarço vermelho de verdade passava pelos buracos do livro, e em sua capa ele trazia o tÃtulo: “Como Amarrar Seus Sapatos”.
Foi paixão à primeira vista. Eu o ganhei no natal, da minha tia, e passei todo o tempo possÃvel com ele, até o livro se desgastar devido ao uso. Eu lia e relia todos os dias, fazendo o passo a passo no tênis na capa, aprendendo o tão útil nó duplo e fazendo cada vez mais rápido. Foi, até hoje, um dos livros mais importantes e mais gostoso da minha vida, mesmo competindo com clássicos de centenas de páginas e best-sellers mundiais. Como Amarrar Seus Sapatos foi o livro que deflorou minha paixão pela leitura e, mais tarde, pela escrita. Ele me mostrou que era possÃvel viajar e sair do seu plano sem sair da cadeira na qual estava sentado. Quase não havia história, quase não haviam palavras, mas havia o livro, aquelas páginas que eu sempre levaria para a minha memória.
E não só as páginas, mas como o que as páginas e palavras me passavam também. Aprendi através dele como amarrar os sapatos, mas mais importante ainda, como dar o nó duplo. Não me peça para amarrar um sapato sem esse truque, eu me recusarei. Uma coisa e a outra são a mesma para mim, não existe sapato amarrado sem o nó duplo, e é melhor nem começar a falar sobre as sandálias de velcro. Posso até aceitar sapatos sem cadarço, mas se for para fechá-lo, que seja um laço duplo bem dado e jeitoso.
Mas esse texto não é sobre um protesto contra patetes de velcro e sandálias de fecho. Esse texto é sobre memórias. Veja, fazem dezoito anos que eu li esse livro pela primeira vez. Fazem dezoito anos que aprendi a como amarrar os sapatos, a como lacear e fazer o “coelho entra na toca”. Mas, em dezoito anos, eu nunca esqueci o nó duplo.
Existem coisas que não lembramos, mas que jamais são esquecidas. Pra mim foi o primeiro livro, mas para você pode ter sido a primeira vez que andou de bicicleta, a primeira viagem, o primeiro dia de escola, o primeiro beijo, o primeiro término. Nós não nos lembramos, mas jamais nos esquecemos. E a memória é a coisa mais importante para ser feliz.
Eu lembro do meu primeiro beijo e das viagens a praia. Eu lembro da primeira vez que vi aquela amiga do interior e amei aquele sorriso. Eu lembro da primeira vez que senti meu coração quente. Lembro dos tapas que a vida me deu, mas quero lembrar cada vez mais dos abraços dados, dos beijos carinhosos, das declarações de amor e lembrar que tenho um coração onde tudo isso está guardado para me lembrar quando eu estiver para esquecer.
Quero, assim como descrevo meu primeiro livro, conseguir descrever muito bem meu casamento, minha primeira casa, minhas vitórias, minhas amizades e nossos momentos juntos. quero lembrar bem do primeiro dia de primavera e da noite de ano novo na praia vivida com pessoas que me amam e que eu amo também. Quero lembrar de agradecer sempre a isso tudo e não deixar que as dificuldade obscureçam essas memórias. Que eu possa polÃ-las de quando em quando, para nunca deixar essas memórias para trás e que subitamente as pessoas do meu coração apareçam nos momentos mais difÃceis, como se o cosmos movesse uma peça ao meu favor.
Quero que tudo isso seja claro e doce no meu coração, mente e alma. Quero juntar todas essas memórias e qualidades felizes sobre minha vida e amarrar bem firme no meu coração para sempre levar na minha viagem.
E para garantir que isso nunca vá embora,
Eu vou dar um nó duplo.
Murillo Pocci
25/01
Foi paixão à primeira vista. Eu o ganhei no natal, da minha tia, e passei todo o tempo possÃvel com ele, até o livro se desgastar devido ao uso. Eu lia e relia todos os dias, fazendo o passo a passo no tênis na capa, aprendendo o tão útil nó duplo e fazendo cada vez mais rápido. Foi, até hoje, um dos livros mais importantes e mais gostoso da minha vida, mesmo competindo com clássicos de centenas de páginas e best-sellers mundiais. Como Amarrar Seus Sapatos foi o livro que deflorou minha paixão pela leitura e, mais tarde, pela escrita. Ele me mostrou que era possÃvel viajar e sair do seu plano sem sair da cadeira na qual estava sentado. Quase não havia história, quase não haviam palavras, mas havia o livro, aquelas páginas que eu sempre levaria para a minha memória.
E não só as páginas, mas como o que as páginas e palavras me passavam também. Aprendi através dele como amarrar os sapatos, mas mais importante ainda, como dar o nó duplo. Não me peça para amarrar um sapato sem esse truque, eu me recusarei. Uma coisa e a outra são a mesma para mim, não existe sapato amarrado sem o nó duplo, e é melhor nem começar a falar sobre as sandálias de velcro. Posso até aceitar sapatos sem cadarço, mas se for para fechá-lo, que seja um laço duplo bem dado e jeitoso.
Mas esse texto não é sobre um protesto contra patetes de velcro e sandálias de fecho. Esse texto é sobre memórias. Veja, fazem dezoito anos que eu li esse livro pela primeira vez. Fazem dezoito anos que aprendi a como amarrar os sapatos, a como lacear e fazer o “coelho entra na toca”. Mas, em dezoito anos, eu nunca esqueci o nó duplo.
Existem coisas que não lembramos, mas que jamais são esquecidas. Pra mim foi o primeiro livro, mas para você pode ter sido a primeira vez que andou de bicicleta, a primeira viagem, o primeiro dia de escola, o primeiro beijo, o primeiro término. Nós não nos lembramos, mas jamais nos esquecemos. E a memória é a coisa mais importante para ser feliz.
Eu lembro do meu primeiro beijo e das viagens a praia. Eu lembro da primeira vez que vi aquela amiga do interior e amei aquele sorriso. Eu lembro da primeira vez que senti meu coração quente. Lembro dos tapas que a vida me deu, mas quero lembrar cada vez mais dos abraços dados, dos beijos carinhosos, das declarações de amor e lembrar que tenho um coração onde tudo isso está guardado para me lembrar quando eu estiver para esquecer.
Quero, assim como descrevo meu primeiro livro, conseguir descrever muito bem meu casamento, minha primeira casa, minhas vitórias, minhas amizades e nossos momentos juntos. quero lembrar bem do primeiro dia de primavera e da noite de ano novo na praia vivida com pessoas que me amam e que eu amo também. Quero lembrar de agradecer sempre a isso tudo e não deixar que as dificuldade obscureçam essas memórias. Que eu possa polÃ-las de quando em quando, para nunca deixar essas memórias para trás e que subitamente as pessoas do meu coração apareçam nos momentos mais difÃceis, como se o cosmos movesse uma peça ao meu favor.
Quero que tudo isso seja claro e doce no meu coração, mente e alma. Quero juntar todas essas memórias e qualidades felizes sobre minha vida e amarrar bem firme no meu coração para sempre levar na minha viagem.
E para garantir que isso nunca vá embora,
Eu vou dar um nó duplo.
Murillo Pocci
25/01

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