Tormento
quantas vezes tive a convicção de nosso amor ter acabado?
quantas vezes não percebi que tudo estava desmoronado?
você que já não ria mais pra mim
eu que não te sentia mais em mim
essa angustia me tomava todo ar que revestia o pulmão
me deixando vulnerável no âmago dessa louca pulsão
me fazendo crer que a loucura era a unica saída
me submetendo ser uma casa fria e esvaída.
mas, mesmo ferida ergui um punhal
inconsciente ato de injuria banal
mergulhei num mar cheio de mim
sufoquei por raízes que saiam de mim
eu e você fomos machucados
e nunca seremos reparados
nessa guerra entre o bem e o mal
só nos cabe a morte e o sempiternal.
A dor da culpa travestida de aceitação, jogada na loucura do seu próprio ser, sem saber como sair do Fora sem morrer. A culpa talvez não seja minha, o externo cravou aqui uma ferida que nunca se fecha. Entretanto, a culpa também é minha, por permanecer nesse lugar escuro, sem conseguir respirar, sem enxergar a corda que me tirará daqui. Mas eu não vim por que quis, me jogaram nesse poço junto com todos os meus tormentos, e nenhum deles me deixam sair. Esta corda citada a pouco, muitas vezes fui tentada a enrola-la em meu pescoço e subir o mais alto e, quando chegasse, pular.
É estarrecedor viver na eterna angústia do seu próprio eu, é assustador não achar saída de si. A loucura que me acompanha faz de mim um ser errôneo, faz de mim poeta, e faz de mim louco.
Mas eu mesma não me entendo, então jogo-me nesse poço todos os dias, na esperança de um dia ao chegar no topo ter onde me segurar para não cair de novo.
Julia Ismara


Nenhum comentário:
Postar um comentário