Astronauta
Foi engraçado o jeito que você me olhou depois de me abraçar ao nos despedirmos. Parecia que o tempo havia parado só para podermos nos olhar daquele jeito. Os dois querendo a mesma coisa e fugindo. Mas a raiva que eu sinto desse teu jeito moleque de quem só quer brincar passa a cada sorriso que você me faz dar. É impressionante sua capacidade de me fazer tão bem, mas sumir logo em seguida.
Te apelidei de Astronauta para poder te acompanhar com as estrelas e não me perder, mas você parou de brilhar e eu não sabia mais onde te encontrar. As tuas mãos já não me tinham e seus pés corriam para longe, aonde sua nave pousava distante de mim.
Todas as noites eu ia para a janela olhar as estrelas, na esperança de te encontrar. Havia apenas as luzes dos postes refletindo em mim, sem dizer se você estaria ali. E o vento fazia meu cabelo balançar, a fumaça do meu cigarro entrou pelo quarto e me acompanhou naquela noite fria e desamparada.
Não havia mais nada seu ali, no meu peito só restava saudade. Você já não brilhava no céu e sua nave não repousava mais na minha órbita. Mas neste deserto que me deixaste, encontrei uma saída para me libertar. Descobri que também sou estrela e que posso brilhar, tão mais intensa que parei de te procurar.
Meus cigarros acabaram e decidi comprar outro maço, lá na esquina estava você me esperando apartado. Apenas ignorei como você sempre fizera e virei na esquina, para o outro lado.
Julia Ismara


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