[Resenha] [Livro] A Última Dança de Chaplin - Fabio Stassi


Se você pudesse escolher, qual seria a última coisa que contaria antes de morrer? Sua vida? Uma história de amor? Um conselho para as próximas gerações sobre algo que aprendeu no passado?

Charles Chaplin faz tudo isso e muito mais neste história de ficção com uma pitada provocante de realidade que é A Última Dança de Chaplin.

É Natal, e a senhora Morte vem visitar Charles Chaplin para levá-lo ao além-vida, assim como uma cartomante havia adivinhado anos atrás. Chaplin esta no aguardo e, decidido, resolve fazer uma aposta com a dona do pós-vida: se ele fizesse ela rir, a Morte concederá um ano a mais para Chaplin, até o próximo Natal onde se encontrariam novamente para apostar mais um ano. É assim que Chas (um apelido carinhoso concedido por um diretor de estúdios) ganha alguns anos a mais, nos quais decide deixar escrita uma carta para seu filho Christopher. Na carta, Charlie escreve sobre sua vida, desde a infância no acampamento cigano, a ida para os Estados Unidos, seus primeiros anos na América e uma história nunca contada sobre a verdadeira origem do cinema. A história atravessa um Estados Unidos em plena formação na virada do século, onde o cinema cresce ainda como uma arte de segunda classe e onde a sociedade urbana é composta dos desafortunados e daqueles em busca do sucesso ou pelo menos da sobrevivência.

O homem por trás da máscara de Carlitos
O homem por trás da máscara de Carlitos. O desafortunado Charles.


A ficção e a realidade se misturam neste livro, assim como os momentos de drama da vida de Charles Chaplin são entrecortados pelas sketches de humor que o velho Carlitos encena para a Morte em busca de uma risada, sempre trazendo alegria tanto a personagem quanto aos leitores que seguem pela obra. O autor italiano Fabio Stassi faz um trabalho muito sensível para mostrar como a velhice, apesar de fúnebre, também é uma situação cômica nas mãos de um palhaço como Chaplin.

Mas através da leitura conhecemos um homem muito diferente daquele das câmeras, que cresce com uma família desequilibrada, envolto a relacionamentos fracassados e sempre com medo de investir no futuro que aparece em sua frente. Um ser humano acima de tudo frágil como qualquer um de nós, que corre atrás de um destino desafortunado onde as coisas sempre parecem que vão dar errado, mas que de alguma forma dão certo.

A leitura de A Última Dança de Chaplin é um deleite à qualquer leitor pela mistura de uma história dramática com tomadas de fôlego cômicas. Traz sorrisos ao rosto, assim como lágrimas nos momentos mais reflexivos. Por fim, Fabio Stassi, através de Chaplin, nos mostra que tudo é possível em um universo que surgiu em uma explosão. Até mesmo um palhaço enganar a Morte.

Murillo Pocci
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