Júpiter

Júpiter não gostava de ser solitária, já estava cansada de olhar pra parede azul toda rabiscada de seu quarto. Ela queria sair por aí atrás de algo que lhe confortasse, que alguém notasse sua tristeza e não a achasse estranha. Apesar do medo da rejeição, ela vestiu sua calça jeans velha, que havia vários rasgos por causa dos tombos de patins, e uma camiseta branca com a estampa dos Beatles, seu all star preto e um chapéu. Com a cara pálida resolveu passar um batom vermelho, mesmo achando esse ato um tanto desnecessário e super chamativo. Fez o maior cuidado pra não chamar atenção de seus familiares presentes no primeiro andar da casa, saiu pelos fundos. Andando pela rua de cabeça baixa para não ser reconhecida, mas Júpiter já estava irreconhecível. Nunca ninguém havia visto a garota de tal maneira que por onde passava chamava atenção. Ela não sabia exatamente aonde ir nem o que fazer, mas sabia que em algum lugar ia chegar. Pegou o metrô em direção ao sul da cidade. Era cinco da tarde e havia bastante movimentos nas ruas, principalmente na região perto do rio que cortava a cidade. Então Júpiter decidiu parar ali, em frente ao rio. Pensou várias e várias vezes que se jogar ali não seria uma má ideia, mas a beleza que a paisagem lhe oferecia; os prédios reluzindo na água límpida. Sentou-se num canto escondido, certificando-se de que não havia ninguém além de si mesma ali. Quando Júpiter fecha os olhos e sente o vento em seu rosto, ela tem certeza de que nada poderia estragar aquele momento de paz. Nem mesmo a sua solidão.
Share:

Nenhum comentário:

Postar um comentário